Partire è un pó morire, dice l’adagio, ma è meglio partire che morire.”

(Carrara, na peça teatral Merica, Merica)

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Italianos regem Cultura e Arte

Societá Filarmonica Conte di Torino, 1937 (álbum da família Masetto)

São Roque agora virou colônia italiana” era o comentário que se fazia sobre a cidade à época da construção da fábrica de tecidos, que depois se chamaria Brasital, de propriedade do industrial milanês Enrico Dell’Ácqua, inaugurada em 1890.

Com a indústria têxtil viria o progresso e, em seu bojo, o crescimento da colônia italiana na cidade. Se a grande maioria de operários era de origem italiana, eram italianos também os responsáveis pelo crescimento do perímetro urbano, com as novas construções. A população da cidade aumentara e, com ela, crescia o comércio, as indústrias de pequeno porte e as profissões liberais. Em todos os ramos dominavam os italianos.

Com os oriundi, a cidade ganhou novos impulsos também na cultura e na arte, principalmente no teatro e na música.

SOCIETÁ FILARMONICA CONTE di TORINO

Foram os imigrantes italianos Giuseppe Carbone, Giuseppe Pesce, Giuseppe Vagnoti, Hipólito Vagnoti, Michaele Biasso, Rolino Natale, ao lado de Antônio Costa, os fundadores da Società Filarmonica Conte di Torino, em 1º de janeiro de 1887.
A corporação musical, que foi assim batizada em homenagem a um músico italiano, mais tarde se chamaria “Carlos Gomes”, homenageando o compositor e maestro brasileiro, diante da proibição do governo Vargas do uso de nomes estrangeiros, durante a Segunda Guerra Mundial.

A memória dessa corporação destaca a atuação do maestro Antônio Badessi, também de origem italiana, e sua participação nas comemorações do Quarto Centenário da Cidade de São Paulo, em 1954.

A Conte di Torino, no início do século 20, além de marcar presença em eventos da cidade, constantemente apresentava-se, sob a batuta do maestro João Masetto, em concertos no Theatro São João, para o quais havia reserva de camarotes e que, às vezes, precediam apresentações teatrais.

A SOCIEDADE UNIÃO LITERÁRIA

Durante o ano de 1904, o italiano Ângelo Casali, um dos pioneiros da vitivinicultura em São Roque, foi presidente da Sociedade União Literária, fundada em 1889 por um grupo de jovens progressistas da cidade, abolicionistas e republicanos. Segundo o professor Joaquim Silveira Santos, em São Roque de Outrora, a sociedade tinha um fim exclusivamente cultural, que se resumia na formação da biblioteca, comemoração das grandes datas nacionais, e realização de conferências

Sob a presidência de Casali, a Literária abria as matrículas para o Curso Nocturno de Instrucção Secundária, com duração de três anos em que eram ministradas aulas de todas as disciplinas divididas em cinco cadeiras.

TEATRO E CINEMA

No início do Século 20, havia uma efervescência cultural na cidade, com apresentação de peças teatrais e seções cinematográficas no Theatro São João. Todo esse movimento tinha por trás a participação dos imigrantes italianos junto à comunidade são-roquense.

Apresentavam-se em São Roque companhias culturais fundadas por italianos: circenses, como a Temperani e teatrais, como a Companhia Dramática Canto e Variedade Carrara – fundada em 1869 e dirigida por Arthur Carrara – que trazia comédias e outros espetáculos.

O jornal O Sãoroquense de 1º de maio de 1904 mostra que, entre os atores da trupe que encenava o espetáculo teatral A Cruz de Cedro – baseado na obra homônima do Barão de Piratininga e promovido pela Sociedade Operária Musical e Recreativa de Mayrink – destacavam-se o casal de italianos Rozenda e Augusto Montaventi, além de Luiz Napoleão.

Havia em São Roque, nessa época, o Grupo Dramático Amizade que, em fevereiro de 1909, apresentou espetáculo cultural em benefício das vítimas de uma catástrofe natural na Calábria. A peça teatral, seguida de exibição de fitas cinematográficas, era o drama O Conde de São Germano. Como atrizes, destacavam-se Alzira Pozzi e Thereza Boffa, ambas da colônia italiana da cidade.

A Empreza Cinematographica Amosso, Bonini & Cia, de propriedade de italianos, era responsável pela exibição de sessões de cinema para crianças e adultos – Cinema-Pathè – além de espetáculos diversificados, no Theatro São João.

E não podemos nos esquecer de que foi o descendente de italianos Vasco Barioni que construiu, na década de 1950, o Cine Teatro São José, que marcou época na vida cultural da cidade, na segunda metade do século 20, com programação de teatro, cinema e realização de eventos culturais.


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