Partire è un pó morire, dice l’adagio, ma è meglio partire che morire.”

(Carrara, na peça teatral Merica, Merica)

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Crise Econômica no início do Século 20


 A instabilidade marcou a economia da cidade de São Roque no início do século 20. Os membros da colônia italiana dominavam as iniciativas no comércio e na indústria desde o boom de desenvolvimento que a cidade viveu por volta de 1890, com a instalação da tecelagem Enrico Dell’Acqua e Cia. Assim, foram também os italianos que sofreram o impacto da crise em seus negócios.

GREVES

Politizados e sob influência de idéias tidas pelos editores do jornal O Sãoroquense como socialistas, foram os operários italianos que desencadearam as duas greves que tiveram lugar em São Roque em 1904, na marmoraria instalada em Pantojo, de propriedade do engenheiro Eusébio Stevaux, conhecido como Dr. Stevaux e na fábrica de tecidos, que então fora denominada “Società Italiana per Esportazione Enrico Dell’Acqua”, esta ocasionando impacto maior na economia local, pois cerca de 514 operários deixaram de receber seus salários por vários meses, sendo assistidos em suas necessidades por grupos de senhoras da igreja católica. 

A greve na marmoraria deveu-se à instabilidade gerada pela doença e morte do proprietário, no início de 1904. A administração dos negócios do Dr. Stevaux passou a ser responsabilidade de Vittorio Della Torre que, embora fosse italiano, exercia o cargo político de vereador nessa época. Por questões administrativas, os salários começaram a atrasar e a greve aconteceu no mês de março.

Vittorio della Torre, responsável por
negócios de Enrico Dell’Acqua e
Dr. Stevaux em São Roque,
foi também vereador
 


PARALISAÇÃO DA TECELAGEM

Na fábrica de tecidos, a paralisação foi deflagrada em 1º de fevereiro de 1904 e o estopim ocorreu no setor de tecelagem, mas a greve visava principalmente a diminuição da jornada de trabalho que chegava a 12 horas diárias.

Em novembro, nova crise se instala com a direção da empresa pretendendo uma reestruturação da tecelagem e, assim, a redução do número de operários. A intenção era fechar a fábrica de São Roque.
Os operários paralisam suas atividades pela segunda vez naquele ano. A crise acabou assumindo proporções preocupantes, que geram a interferência da Câmara Municipal. Negando-se a um acordo com os operários, a direção fecha a tecelagem temporariamente.

IMPOSTOS E DESESPERO

A crise na economia local refletiu-se no pagamento dos impostos à municipalidade, como mostrava uma cobrança, publicada no O Sãoroquense em 20 de março de 1904, pela Câmara Municipal,– que nessa época assumia também o papel de administrar a cidade – dirigida a negociantes e industriaes, estabelecendo 20% de multa sobre o valor dos impostos em atraso. A quase totalidade dos nomes apontados na lista era de italianos.

O falta de circulação de capital gerava o desemprego e abalava as famílias, tendo como consequência o desequilibro emocional de seus chefes que não podiam suprir as necessidades dos dependentes. A criminalidade – assassinatos, brigas, roubos – cresceu.

Nesse contexto, um homicídio é praticado por um membro da colônia italiana, o carpinteiro Antônio Tregnaghi, residente em Mayrink, casado e com filhos, um deles de apenas 22 meses. O fato foi assim noticiado pelo jornal O Sãoroquense, em 14 de fevereiro de 1904:

“Mais um assassinato foi perpeirado no dia 8 às 6 horas da tarde, na estação Mayrink.
O carpinteiro Antônio Tregnaghi de nacionalidade italiana naquelle dia amanheceu insubordinado.
Dizem eu esse seu mau estado era devido ter sabido que o seu patrão o sr. Dr. Armando Pereira o ia despachar do serviço (...)Armado, dizia que aquelle dia desejava matar um homem.
“...por ordem superior fora mandado Pedro Egydio a apazigual-o.(...) e pediu-lhe que guardasse as armas. Tregnaghi que trazia uma faca escondida na manga do paletó, disse que não tinha arma alguma e traiçoeiramente saltou sobre Pedro Egydio e o abraçou, cravando-lhe seis vezes a faca nas costas e peito.”

O jornal termina relatando a fuga de Tregnaghi, e afirmando que Pedro Egydio, a vítima, de 36 anos, era casado, sem filhos, e considerado herói pela comunidade, por ter salvo uma senhora grávida de um acidente na estação ferroviária quando chegava um trem de passageiros.


 
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2 comentários:

  1. Silvia,
    Parabéns pelo trabalho!
    Minha mãe é neta de Sotero Valdambrini, temos muitas fotos da época, bem como ela é a história viva, tem viva muitas histórias na mente desta época que você relata. Creio que você conheceu Olívio Valdambrini, trabalhou no Democrata por muitos anos, meu tio-avô.
    Caso tenha interesse, fotos ou histórias, deixo o meu e-mail: rodrimar@ig.com.br
    Parabéns!!!
    Abs

    Marco Antonio

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  2. Obrigada, Marco! Tenho interesse sim, a família Valdambrini é conhecida, ouvi falar muito do seu avô inclusive participou de umas das publicações sobre a cidade, no terceiro centenário. E me interessa sim, vou entrar em contato. Ab

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