Partire è un pó morire, dice l’adagio, ma è meglio partire che morire.”

(Carrara, na peça teatral Merica, Merica)

terça-feira, 31 de maio de 2011

O Pioneiro Enrico Dell'Acqua

Enrico Dell'Acqua aos 50 anos

Em São Roque, ele é conhecido como o industrial milanês que construiu, ao final do século 19, a tecelagem que mais tarde se chamaria Brasital.

A homenagem feita a ele pela Câmara Municipal, em 1890, embora pequena, permanece até hoje – Enrico Dell’Acqua é uma das principais ruas do centro da cidade. E foi das mais merecidas que o Legislativo fez até os dias de hoje, já que a tecelagem trouxe com ela um considerável progresso para a cidade.

No livro Italianos no Brasil, de Franco Cenni, ele é citado como o proprietário da segunda fábrica de tecidos de algodão instalada no país, fundada em 1891, precedida apenas pela indústria Santa Maria nesse ramo de atividade.  

O PRÍNCIPE MERCANTE 

Mas é na Itália, sua terra natal, mais intensamente na cidade onde desenvolveu seus negócios, Busto Arsízio, localizada na região da Lombardia, que Enrico Dell’Acqua é importante figura histórica, considerado o pioneiro da exportação da indústria de tecidos de algodão do seu país. Busto Arsízio, cidade de muitos monumentos, prédios históricos e obras de arte, como toda a Itália, ostenta numa de suas praças, gigantesca escultura em homenagem ao empreendedor.

O presidente da Itália, Luigi Einaudi, em 1910, apresentou-o aos italianos como o Príncipe Mercante. Os livros de história publicados na Itália no século 20, como Storia di Busto, de Pio Bondioli, fazem alusão ao pioneiro da indústria têxtil.

RESPOSTA INTELIGENTE

Enrico Dell’Acqua nasceu em 1851, em Abbiategrasso, cidade da província de Milão, localizada na região da Lombardia.
Ainda jovem, fez breves cursos na área comercial e passou a exercer um cargo administrativo numa pequena empresa de propriedade de seu avô materno, Pietro Provasoli, em Busto Arsízio.

A indústria do algodão vinha de uma fase ruim, com diversas crises que remontavam a 1862, data próxima à da unificação da Itália, quando, apesar do apoio do governo e de existirem 51 empresas em Busto Arsizio, a indústria têxtil começou a enfrentar problemas no desenvolvimento produtivo pela falta de teares mecânicos movidos a água e impulsionados por motores a vapor importados. Em seguida, a Guerra Civil Americana gerou a escassez da matéria prima, o algodão, que resultou numa migração em massa e, mais tarde, na falta de mão de obra nas indústrias.

Quando a importação do algodão pode ser retomada, a produção da indústria têxtil foi reforçada. Porém, de forma excessiva, sem preocupação com a capacidade de consumo do mercado interno.
Nesse contexto, Enrico Dell’Acqua mostrou, com inteligência e ousadia, como superar os problemas da comercialização. Num momento em que essa indústria tinha seu produto vendido exclusivamente no norte da Itália, ele desce à Puglia, no sul do país, e inicia a expansão do mercado, integrando-se a agentes e intermediários do país todo, agindo com interesse e respondendo às exigências locais.

Enrico Dell'Acqua e seu pai, Francesco

EMPREENDEDOR ARROJADO

Mas a revelação de empreendedor arrojado se deu com a decisão de exportar o produto da indústria têxtil italiana. Para concretizar esse plano, considerado temerário por alguns empresários da época, voltou especial atenção à África menor e à América do Sul, locais onde a presença maciça de italianos garantiria o bom êxito da iniciativa.
Com uma eficiente pesquisa de mercado, conheceu a situação econômico-social da América Latina. Nesse empreendimento, o mercado norte-americano foi descartado quando constatou que a colônia italiana era dispersa e pouco influente nos EUA.

Em janeiro de 1887, Enrico Dell’Acqua enviou mostruários de tecidos de sua tecelagem para diversos comerciantes latino-americanos e abriu uma representação de sua indústria em Buenos Aires. Recebeu apoio financeiro e partiu para a Argentina, enfrentando a concorrência com outras empresas estrangeiras.
Tornou-se o maior fornecedor dos grandes comerciantes de tecidos a ponto de somente uma fábrica não conseguir fazer frente aos pedidos, o que gerou a abertura de novas tecelagens, entre elas a instalada no Brasil, em São Roque.

Em outubro de 1890, criou a Sociedade Italiana de Exportação Enrico Dell’Acqua, formada em comandita por ações, com sede em Milão e filiais em São Paulo e Buenos Aires.
Os negócios do industrial italiano prosperaram, o capital estrangeiro nas fábricas aumentou e os meios de produção se diversificaram. Em 1899, a empresa que tinha como objetivo social estipulado por lei, a exportação de produtos italianos para a América do Sul e a exploração das indústrias de tecelagem no Brasil e Argentina, elevou seu capital social para 10 milhões de liras.
Nesse ano, o sócio fundador Enrico Dell’Ácqua mudou-se para Milão. Deixou a gerência dos negócios no Brasil para Giácomo Gripa e Cesare Bossi e na Argentina, as gerências ficaram nas mãos de Jorge Geniu e Pier Luigi Caldirela.

O grande empresário, apesar da riqueza acumulada, enfrentou sérios problemas com as sucessivas crises que, naquele momento, acometeram a Argentina, onde concentrava a maior parte da produção de suas tecelagens.
Em 1910, pouco tempo depois de regressar de uma de suas viagens à America Latina, Enrico Dell’Acqua faleceu aos 59 anos, vítima de acidente vascular cerebral.

ENRICO DELL'ACQUA E CIA

A indústria por ele construída em São Roque, em 1890, sequer é mencionada com ênfase nos livros de referência, apesar de ter sido a principal, na época, com 3.600 m² de área construída em dois andares.
Uma represa com 4000 m² de área inundada e queda de água de 30 metros de altura, impulsionava seus teares no final do século 19, com uma força de 120 cavalos. A luz de 4000 velas era produzida por um dínamo, movido pela turbina com força motriz de 24 cavalos.
Após ser inaugurada, essa indústria empregava 400 pessoas, em sua grande maioria, italianos, e produzia brim, riscado, toalhas felpudas e simples.
No início do século 20, eram 510 operários e seriam 3000, em 1957, na então Brasital.

CEC BRASITAL - primavera 2010 (Foto: Sílvia Mello)

CENTRO CULTURAL

Após permanecer 17 anos fechado, o prédio da antiga tecelagem foi adquirido pela prefeitura de São Roque, em parceria com o governo do Estado de Sâo Paulo, em 1987. 

O prédio que abriga hoje o Centro Cultural e Educacional Brasital, ainda ostenta em seus salões, outrora ocupados por teares, a imponência das colunas inglesas importadas por Enrico Dell’Acqua.

A Brasital, sua chaminé e o verde do entorno são hoje um dos cartões postais de São Roque. Brasital é símbolo de cultura, arte, patrimônio histórico. Quase cem anos após sua morte, a cidade conserva a marca desse genial empreendedor, Enrico Dell’Acqua.


Este texto tem direitos autorais.
Proibida cópia e reprodução de textos e imagens em qualquer meio.



3 comentários:

  1. Se eu usar isso em um trabalho e colocar bibliografia, será possível eu utilizar essa fonte ?
    "Proibida cópia e reprodução de textos e imagens em qualquer meio."

    ???

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  2. Olá

    Peço desculpas pela minha má gramática Português; Eu estou usando o Google Tradutor.

    Eu gosto de seu site muito.

    Meu tataravô era Ernesto Castiglioni (O avô do meu avô). Em 1890, ele foi um dos sócios fundadores da Sociedade Italiana de Exportação, juntamente com Enrico Dellacqua.

    Ele viajou para a América do Sul, de Busto Arsizio Itália ao lado Dell'Acqua. Meu bisavô nasceu em Buenos Aires em 1891.

    Ernesto morreu na Itália em 1894. É por isso que ele não é tão famoso como Enrico Dell'Acqua.

    Vou anexar um link mostrando que Ernesto Castiglioni era um parceiro de pleno direito de Enrico Dell'Acqua na fundação da Sociedade.

    Estou curioso para saber se você encontrou qualquer informação sobre Ernesto Castiglioni na sua investigação.

    Obrigado

    Tod White

    https://books.google.com/books?id=8pJCAQAAMAAJ&lpg=PA2906&ots=xLO3Rc_xr5&dq=enrico%20dell'acqua%20ernesto%20castiglioni&pg=PA2906#v=onepage&q=enrico%20dell'acqua%20ernesto%20castiglioni&f=false

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