Partire è un pó morire, dice l’adagio, ma è meglio partire che morire.”

(Carrara, na peça teatral Merica, Merica)

quarta-feira, 25 de maio de 2011

O que faríamos sem eles?


 Imigrantes italianos no clube de Pantojo - São Roque - 1912
(autoria desconhecida)


Quem já não sentiu irresistível atração pelo aroma e o sabor do spaghetti da mamma aos domingos? Há quem goste com molho à bolonhesa e quem prefira com linguiça calabresa. Outros sentem água na boca só em pensar num crocante bife à milanesa. Alguns sonham em passar a noite de sexta numa animada cantina, saboreando um tagliatelli, um ravioli ou uma cremosa polenta, regada a vinho, ao som da genuína tarantella. Mas a maioria concorda que no cardápio de sábado à noite não pode faltar uma deliciosa pizza. O vegetariano talvez escolha a de berinjela. E o que dizer de um aromático cappuccino acompanhado de uma fatia quentinha de pão italiano, recém-saído do forno, nas tardes frias de inverno? O que faríamos sem essas delícias da bella Itália?

Que sensações nos despertam a sonoridade e o sentido de palavras como caricatura, fiasco, allegro, aquarela, bandolin, concerto, confete, serenata, camarim, piano, boletim, carnaval, maestro, mortadela, palhaço? E o que dizer daquela que mais permanece em nossa boca? O ciao, que já transformamos em tchau?

Qual de nós nunca se sentiu embalado pela cantilena do sotaque que os oriundi nos deixaram como herança?

Quem não daria tudo para ouvir, de repente, assim do nada, um Dio, come ti amo!?
E quem ainda não se animou com a deliciosa ilusão revelada na mensagem entregue pelo periquito de um realejo?

Como não se divertir numa partida de tômbola ou num jogo de boccia, a nossa bocha?
Dá para imaginar a vida sem os sonoros costumes e a alegria dos italianos?

Muitos desses imigrantes escolheram a cidade de São Roque-SP para ser a terra nostra que, por suas paisagens e costumes, com ela se identificaram como se sua fosse de fato. Eles são a razão destas páginas, baseadas em relatos de italianos e descendentes que por mais de um século acrescentaram cor e sabor à vida dessa cidade.

O Projeto Andiamo... Memórias da Imigração Italiana em São Roque tem a pretensão de testemunhar as histórias de famílias vindas dos mais longínquos lugares da Itália e mostrar como se entrelaçam com a História da própria cidade de São Roque, na construção e no trabalho de quase um século da tecelagem cujo nome é a fusão das palavras Brasil e Itália; nos caminhos trilhados ao lado de portugueses e espanhóis numa verdadeira aventura que levou a cidade a ser conhecida em todo o país como Terra do Vinho; na explosão da economia local do início do século 20, com a expansão da construção civil, novos profissionais liberais, aberturas de casas comerciais e indústrias diversas; no fomento à conscientização da classe operária sobre seus direitos; na condução do destino político da cidade; na imprensa; no desenvolvimento cultural que, na primeira metade do século 20, possibilitou uma efervescência jamais vista, com formação de grupos teatrais locais, concorridas apresentações de companhias de teatro e circo, recitais de música clássica, saraus literários, corporações musicais, as bandas, e cinemas; e na herança das tradições locais.

O propósito deste blog é ser o aperitivo para o livro que tem como caminho redescobrir as origens e a trajetória de italianos que escolheram São Roque, e entender com que intuitiva esperança atravessaram um oceano, atraídos por uma terra onde não somente foram capazes de sobreviver, mas de viver e de brindá-la com sua brilhante contribuição.

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Um comentário:

  1. Bom dia Sílvia,

    sou pesquisadora na Universidade Sorbonne em Paris (França), com um projeto de pesquisa sobre os ítalo-descendentes do Brasil.

    Estou indo para São Roque para pesquisar mais sobre esa comunidade onde a presença italiana parece ser ainda muito influente.

    Sería muito interessante poder conversar com você sobre ese tema! Aqui vai o meu e-mail: melanie.fusaro@univ-paris3.fr; se você estiver disponível, por favor entre en contato comigo!

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