Partire è un pó morire, dice l’adagio, ma è meglio partire che morire.”

(Carrara, na peça teatral Merica, Merica)

quinta-feira, 26 de maio de 2011

La Povera Gente? I


As estimativas da embaixada da Itália dão conta de que no Brasil há, neste 2011, mais de 25 milhões de italianos e descendentes, quando a população da Itália gira em torno de 64 milhões. No estado de São Paulo, o consulado italiano afirma que são mais de 6 milhões e, em São Roque, cidade a 58 km da capital paulista, dados extra-oficiais apontam para cerca de 25 mil italianos e descendentes, o que corresponde a quase um terço da população.

Esses números tornam o Brasil um dos países que mais receberam italianos em todo o mundo; fazem de São Paulo, o estado com a maior colônia italiana do Brasil; e de São Roque, uma das cidades mais italianas do estado de São Paulo.

A contribuição que a colônia italiana deu para o Brasil, na produção industrial, na cultura, na música, na culinária, no teatro, só para citar as áreas de maior nobreza, pode, no mínimo, ser chamada de rica. No estado de São Paulo, lembramo-nos do trabalho nas lavouras de café, nas indústrias, e temos, atualmente, na capital, uma das maiores concentrações da colônia italiana com seus costumes misturados à cultura local, no folclore, nas festas populares, na gastronomia. Em São Roque, italiano nos lembra Brasital, produção de uva, vinho e nos dias de hoje, os sabores das pastas, brodos e outras delícias do Stefano, Langoletto, Tia Lina, Nona Nunziata, só para lembrar alguns.

É possível imaginar que toda essa riqueza originou-se de um povo que já foi chamado la povera gente? É um paradoxo, mas a pobreza na Itália presenteou os brasileiros com as pérolas de uma diversidade de influências que modificaram para sempre a vida em muitas localidades do país.

Os primeiros italianos que chegaram a São Roque eram originários de regiões muito pobres na Itália, ao final do século 19, quando se deu o início da emigração em massa para o Brasil.
Podemos afirmar que a maioria das famílias que se estabeleceram em São Roque nesse período é proveniente de regiões como o Piemonte e o Veneto, ao norte, e a Toscana, na média Itália.

Em Odissee, livro ilustrado com fotos da época, o historiador italiano Gian Antônio Stella relata que em meados de 1800, no Veneto, onde ficava o maior centro de tratamento de pelagra da Itália, a doença atingia muitas pessoas em decorrência de se alimentarem exclusivamente de polenta – eram consumidos 33 kg de farinha per capita, por ano, o que causava o mal dos três Ds: dermatite, diarréia e demência.

Imagem: Italianos em São Roque em 1904
(autoria desconhecida)


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