Partire è un pó morire, dice l’adagio, ma è meglio partire che morire.”

(Carrara, na peça teatral Merica, Merica)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Italianos e a Economia em São Roque nos anos 1930

Foto publicada em SOS Patrimônio Histórico São Roque
 
Em nossa procura por fontes de pesquisa sobre a imigração italiana em São Roque, tivemos o prazer de encontrar uma relíquia: o livro comemorativo aos 50 anos da imigração italiana no estado de São Paulo.
Trata-se de Lo Stato di San Paolo nel Cinquantenario dell’Immigrazione, publicado em língua italiana, por Salvatore Pisani, em 1937. A publicação, com 1390 páginas, traça um perfil do estado de São Paulo nesse ano e aborda aspectos então atuais, referentes à presença dos imigrantes italianos nos 251 municípios do estado.
À São Roque foram dedicadas pouco mais de três páginas, onde aparecem informações gerais sobre a cidade naquela época e fatos pertinentes à colônia italiana de então, além de sua atuação na sociedade e participação na economia local.


Praça da Matriz - São Roque - 1930 - domínio público


Piazze adornedi bei giardin

Pisani assim descreve a cidade de São Roque, em 1937:
La città: A cidade é dotada de todos os serviços públicos de moderno conforto. Há boas estradas, largas e retas e praças adornadas por jardins. Entre os seus edifícios públicos, são dignos de nota: o Grupo Escolar, o Palácio Municipal, o Fórum, a Matriz, o Hospital da Santa Casa de Misericórdia, o Mercado, os cines Central e São João, a Igreja de São Benedito.”
E segue mostrando os atributos da São Roque dos anos 1930: “O clima é salubérrimo; a temperatura oscila de um mínimo de 3 a um máximo de 30 graus”.

Rica em Mármore

Pisani descreve ainda as belezas naturais:
“O território se apresenta muito acidentado, sendo atravessado por numerosas pequenas cadeias de montanhas, que são parte das serras da Cantareira e de São Francisco. Entre os montes pertencentes ao sistema da Cantareira se destacam por sua altitude aqueles denominados Saboó e Pantojo. Os montes pertencentes à serra de São Francisco situados no município recebem o nome de São Roque, Serrinha e Piragibu.”
“O subsolo é rico em jazidas de mármore, convenientemente exploradas. São mármores de várias cores: do negro absoluto ao negro riscado de branco, do rosado ao vermelho, do branco leite ao verde.”
Como impresso ou jornal da cidade, Pisani cita “o semanário denominado “O Democrata” que se ocupa principalmente de matérias de interesse local”, pertencente a uma família de origem italiana.

Oriundi

A colônia italiana de São Roque, em 1937, segundo afirma Pisani, compunha-se de 6000 pessoas, 2000 italianos e 4000 descendentes, para um município com a população total de 16810 habitantes. Na zona urbana, residiam 4837 pessoas.
A principal atividade dos imigrantes italianos nessa época em São Roque era a agricultura, mas em número relevante havia também industriais, comerciantes e profissionais liberais. São citadas, entre os agricultores, cerca de trinta famílias de imigrantes provenientes da Itália; 23 indústrias eram pertencentes a italianos; e entre os comerciantes estavam cerca de 40 nomes.

Agricultura predomina

Na década de 1930, São Roque possuía terras propícias para a agricultura, principal atividade econômica do município, que se destacava no estado de São Paulo como primeiro produtor de pêra, quer pela quantidade quer pela qualidade, com um plantio de 266.373 pés da planta e uma produção de 560.245 caixas da fruta; e o segundo na produção de uva.
Pisani ressalta a cultura da vinha em 1937: 589.082 pés da planta e 340.232 quilos de uva e a conseqüente produção de 417.200 litros de vinho nesse ano, em São Roque, ficando a cidade apenas atrás de Jundiaí em todo o estado de São Paulo.
Além agricultura, desenvolvida com ótimos resultados, especialmente nos ramos de horticultura e fruticultura, e do plantio de batata, arroz, cana-de-acúcar, café e cereais em geral, a criação de animais era praticada com métodos modernos, suprindo as necessidades do trabalho agrícola e do consumo local.
Em 1937, era significativo o valor do capital empregado pela colônia italiana no setor agrícola: 2207 contos de réis, que envolviam as 92 propriedades rurais pertencentes a italianos, numa extensão 2119 alqueires.

Principais Agricultores

Entre os principais agricultores da colônia italiana, que mantinham atividades na zona rural de São Roque, foram citados por Pisani (conservando-se a grafia dos nomes como foi publicada em seu livro): “Adelindo Grassini, Alberto Cocozza, Aldo Pennone, Amedeo Lippi, Ângelo Casale, Ângelo Perrone, Antonio Bertan, Antonio Reviglio, Carlo Mazzara, Carlo Zancanaro, Emilio Bruni, Francesco Dominici, Francesco Grassini, Fratelli Tonelli, Giuseppe Perrone, Giovanni Rosso, Giulio Salletti” (este, possivelmente Salvetti), “Giuseppe Grilli, Luigi Corsi, Michele Rizzo, Orlando Sani, Quinto Perasio, Quirino Capuzzo, Tommaso Angiolucci, Vincenzo Marigliani, Vittorino Vigliotti, Vittorio Bellighini, viúva Ghirardello.”

Indústria com base Agrícola

Entre as indústrias destacavam-se aquelas cujo produto tinha origem na terra ou se relacionava às atividades agropecuárias, como de tecidos de algodão, manufaturas de couro e madeira, bebidas e licores, leite e derivados, macarrão, carros de boi e carroças, cerâmica, telhas, cal e cimento, etc. Mas, além das indústrias subsidiárias da atividade agrícola, havia também fábricas de produtos diversos.
Pisani cita como “industriais” pertecencentes à colônia italiana de São Roque, em 1937: “Bonini e Nicolai e Giovanni Alè, com estabelecimento de tecidos de algodão; Antônio Mastromauro, com oficina mecânica; Romolo Guzzo, com fábrica de carros” (de boi) “e carroças; Tagliassachi e filhos, com fabrica de telhas prensadas; Giuseppe Conti Filho, com fábrica de doces e biscoitos; Grilli e Cia., com curtume de peles; Antonio Giannini, Giuseppe Capuzzo, irmãos Gagliardi, Francesco Iudica, Francesco Angelini, Fioravanti Falchi e Guglielmo Bellini, Com fábricas de calçados; Raffaelle Nastri, com fábrica de móveis e de manufaturas de madeira; A. Caproni e Cia, com fábrica de refrigerantes e licores e com pastifício; Constante Viglioti e Figlio, com moinho de cereais; Rodolfo Boschini e Irmãos, com pastifício; Lazzotti e Cia. e Carmacini e Cia., com fábricas de cerâmica; Ângelo Pari, com fábricas de manufaturas de couro; Aristide Barioni, com oficina para instalações higiênicas e sanitárias; Irmãos Boccato, com estabelecimento tipográfico; Alessandro e Vincenzo Belli, com fábrica de manufaturas de madeira.

Comércio Eficiente

A atividade comercial desenvolvida em São Roque por volta de 1937 foi considerada diversificada por Pisani, existindo então, no município cerca de 200 casas comerciais que vendiam, entre outros gêneros: alimentos, tecidos, miudezas, roupas, ferramentas, papelaria, acessórios para automóveis etc.
Entre os comerciantes citados por Pisani que desenvolviam suas atividades em São Roque nessa época, foram citados: “Reinaldo Derani” (possivelmente Verani), “Boni e Micalai, Dante Piroli, Rocco Benassi, Silvio Moretti, Giuseppe Guzzo, Ernesto Algretti, viúva Zecchi e filho, Giacomo Bonini, Giuseppe Carlassara, Primo Gardegiani, Fabio Conti, irmãos Pesci, Francesco Giutti, Adolfo Rosebini, Agostino Paramborelli” (possivelmente Taraborelli), “Antônio Collo, Antonio Nardelli, Quirino Capuzzo, Armando Moreschi, Assunta Biazzi, Cesare Bandioli, Eduardo Sandrecci, Enrico Lippi, Ettore Iudica, Ezio Maraccini, Giuseppe Guazzelli, Giuseppe Pezzato Filho, Luigi Chilò, Modesto Cerione, Michele Rizzo, Pasquale Belmonte e filho, Primo Moreschi, Raffaele Iudica, Rizzieri Maraccini, Sabatino Salvetti, Vincenzo Marigliani, Tagliassachi e filhos.

Eles fizeram a América

Entre as famílias citadas acima, muitas chegaram ao Brasil no final do século XIX ou início do século XX, num dos momentos mais propícios da imigração italiana para São Roque. Eram simples camponeses ou operários, que chegavam para atender à necessidade de substituição da mão-de-obra escrava nas lavouras do país, ou suprir a falta de mão-de-obra operária nas indústrias que despontavam, ou, ainda, para concretizar a idéia de “branqueamento” sonhada para a população brasileira por um grupo de intelectuais daquele momento.
Mas, muitos deles, encontraram brechas dentro do lugar que lhes era reservado no mercado de trabalho e na sociedade brasileira da época, para concretizar seu próprio sonho: o de fazer a América, como atestam os registros de Pisani, trinta anos após o início oficial a imigração italiana no Brasil.
 

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3 comentários:

  1. Boa noite! Gostaria de informações de registro de pisani onde eu posso encontrá-lo.

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  2. Boa noite, necessito de informações da familia Farini ou Farina, Obrigado Jaime dos Passos ZAP 988224875

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  3. Olá sou Allan Ghirardello estamos levantando informações da árvore genealógica da onde já conseguimos parte destacando nomes província e nomes ativos na Itália com contatos no país. Um dos nomes destacados de grande parte do que se foi levantado foi de Franco ghirardello locutor apresentador e principal representante do grupo Padova rádio Padova. Na cidade de São Roque aonde a maioria da minha família tem registro como pais tiros avós além de registros em carapiciuba Jundiaí e Ibiúna. A maior parte do histórico familiar de imigração é em São Roque. Att allanghirardaa@gmail.com

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