Partire è un pó morire, dice l’adagio, ma è meglio partire che morire.”

(Carrara, na peça teatral Merica, Merica)

domingo, 29 de janeiro de 2012

DE ONDE VIERAM ESSES OUTROS ITALIANOS?

São Roque, Taboão - Aquarela, Franco Masotto, 1965.


De  que localidades seriam provenientes os italianos que chegaram a São Roque após a Segunda Guerra Mundial?
Dentre as vinte regiões que constituem a Itália dos nossos dias, ao sul e a leste de Roma começa a área em que o país sempre enfrentou seu verdadeiro problema. Trata-se da área mais difícil, localizada na parte central e de onde partiram milhões de italianos em busca de uma vida melhor no exterior.

Se traçarmos uma linha reta, a montanhosa região chamada Abruzzo, posicionada na mesma latitude do Lazio, fica próxima a Roma. Porém, somente em 1970 foi construída uma ligação entre ela e a capital por auto-estrada; até esse momento, a viagem por terra era longa, cruzando os pontos mais altos dos Apeninos. Os ventos de Abruzzo e da região próxima, Molise, varrem as montanhas ao redor.

FAMA IMERECIDA

Historiadores afirmam que, “sem dúvida, o isolamento da população de Abruzzo contribuiu para que sua gente adquirisse a fama imerecida de broncos cômicos da Itália.”

A criação de ovelhas, principal atividade da zona rural anos atrás, sempre proporcionou uma vida apertada para os moradores dessa região, como em Molise.
Há alguns anos, porém, uma indústria esportiva foi instalada no Parque Nacional de Abruzzo, região que atrai também os amantes da natureza e os desejosos de conhecer seus habitantes mais raros e famosos – o lobo apenino e o urso pardo.

Nas montanhas de Abruzzo, ainda nesse início de século 21, há homens e mulheres que se dividem nas tarefas de plantar, colher e debulhar o trigo. Na produção de seu próprio alimento são auto-suficientes: plantam uvas e verduras, cozinham a caça e criam galinhas.

Ruas de São Roque - Aquarela, Franco Masotto, 1965.

DO CANO DA BOTA

De Abruzzo, localizada no cano da bota formada pelo mapa da Itália, é proveniente a maior parte dos italianos que se fixaram em São Roque após a Segunda Guerra Mundial, no início da década de 1950. Sua grande maioria é originária de cidades da província de Chieti, ao sul de Abruzzo.

Num levantamento preliminar, sabemos que de lá vieram membros das famílias Bellano, Cappa, Cerrone, Ciarma, Ciarrochi, Ciccone, Cilia, Colini, Corregiari, Di Cesare, Di Fabio, Di Girolamo, Di Giulio, Di Luigi, Di Giosia, Di Pietrantonio, Dominicis, Fedele, La Machia, Leonardis, Merlonetti, Michini, Polini, Primiterra, Tassoni, Vecchioli, Vecchiotti entre outras.

 Molise, região desmembrada de Abruzzo, que fica mais ao sul, enfrentou os mesmos problemas que geraram a emigração e é também local de origem de imigrantes que se radicaram em São Roque. De lá, principalmente da província de Campobasso, vieram integrantes das famílias Bada, D’Amico, Del Peschio, Di Palma, Francani, Lorito, Mastrogiuseppe e outras.

BELAS PAISAGENS E ISOLAMENTO

Marche é a região da Itália que fica em segundo lugar na origem de imigrantes que se fixaram em São Roque após o término da Segunda Guerra Mundial. É uma das mais belas do país, com cachoeiras e grutas espetaculares, porém com vales profundos e encostas que prejudicam a comunicação com outras localidades da própria Itália, fatores que sempre dificultaram seu crescimento econômico e geraram a emigração.

Conseqüentemente, hoje, a região enfrenta problemas de esvaziamento rural; seu desenvolvimento turístico desenfreado atinge a capital regional, Ancona, localizada na costa Adriática. Nesse sentido, as cidades de Urbino e Loreto, belas e antigas, ficaram protegidas pela precariedade de estradas compridas e cheias de curvas.

De Marche são originárias, entre outras, as famílias: Mariucci, Nobilioni, Pizzingrilli, Pucci e Sciamanna.
Por fim, a quarta região que mais forneceu imigrantes para São Roque foi o Lazio, que abriga a capital Roma. As famílias Cantarelli, Cecconi, Mironti são dessa região.

Podemos afirmar que a origem das famílias que chegaram em São Roque no segundo pós-guerra provém, principalmente, de regiões centrais da Itália. Do Sul e do Norte, elas vieram em menor número. 

Interior do Bar Guarani, na Prça da Matriz, ao final dos anos 1940.


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